segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aos 2º anos - Textos de apoio

Grupos,

Na última aula, acabei passando alguns textos de apoio (textos curtos, extraídos da própria internet) só pra desenvolver mais o assunto e "ambientá-los" quanto à tarefa que cada um terá...

Contudo, seguem os links que usei para extrair os textos:

Clique nos temas para ir à página de pesquisa:

Liberalismo

Capitalismo

Socialismo

Comunismo

Anarquismo

Considero importantíssimo ainda cada grupo aprofundar seus temas além dos textos indicados, embasando a apresentação com a leitura de livros e outros textos a respeito.

Boa pesquisa!

4º Bimestre - Apresentação/exposição dos temas para o 2º Ano

Olá a todos!

Para o último bimestre, reservei aos 2º anos uma avaliação diferenciada das que já havia desenvolvido até então.
Como já trabalhei desse forma junto com o 3º ano (atividade que deu muito certo, por sinal) proponho às duas salas que atualmente leciono - 2º J e 2º M - que realizem apresentações curtas (como se fossem seminários, porém de forma "menos aprofundada") sobre um assunto previamente decidido e evidenciado a todos.

Para as duas salas, organizei o tema do bimestre como: Tendências políticas do século XIX até os nossos dias.
E para a apresentação dividi as turmas em grupos pequenos, no qual cada um se encarregaria da exposição dos seguintes assuntos:
  • Liberalismo
  • Capitalismo
  • Socialismo
  • Comunismo
  • Anarquismo
Expostos tais temas, vejo como melhor forma de organização para a atividade, os pontos a seguir:


1. Cada exposição deve priorizar, dentro de seu tema, os seguintes requisitos:
  • Breve histórico da 'tendência' política (quando, como e onde surgiu o mesma);
  • Quais são suas principais características que às sustentam;
  • Quais os principais momentos de desenvolvimento do tema em questão;
  • Quais foram os principais teóricos sobre o assunto;
  • Uma análise crítica do grupo sobre a tendência abordada.

2. Os recursos a serem utilizados para apresentação devem respeitar o tempo e as limitações da sala de aula (poderão utilizar a lousa, cartazes, fotos, textos...)

3. Cada exposição terá em torno de 10 a 15 minutos no máximo;

4. Ao final, cada grupo entregará um relatório breve sobre seu assunto, de acordo com que foi apresentado em sala.


Deixarei adiante algumas indicações de leituras e pesquisas relevantes ao embasamento de cada tendência...
Por hora, caso reste alguma dúvida, fiquem a vontade em solicitar ajuda utilizando os comentários dessa postagem.

sábado, 26 de setembro de 2009

3º Apresentação (aos 3º anos)

Para a 3º apresentação dos temas sobre movimentos sociais, teremos como foco de trabalho o Movimento Feminista e o Movimento GLBT.


Para o Movimento Feminista deixo a indicação dos seguintes recursos:

Texto 1: A Federação Brasileira pelo Progresso Feminino

Texto 2: A construção da cidadania fragilizada da mulher

Vídeo: Acorda Raimundo, Acorda!







Sobre o Movimento GLBT, indico o texto abaixo:

O Movimento GLBT

Considero importante também assistir o filme : Milk, a voz da igualdade.

Status e Papel Social (aos 1º anos)

Segue o texto sobre Status e Papel Social, tema desenvolvido em sala, como base para a realização do trabalho referente ao 3º Bimestre.

Status e Papel Social

Apesar de semelhantes, os conceitos de status e papel social definem duas coisas distintas no campo de estudos da sociologia. Por isso, devemos tomar mais atenção para sabermos qual a utilidade de cada um desses conceitos e que tipo de informação eles nos repassa ao trabalharmos com estes dois referenciais. Em primeiro lugar, é de suma importância apontar que tais conceitos são necessários para uma análise um tanto mais profunda da pirâmide social que organiza algumas coletividades.

A ideia de status social está ligada às diferentes funções que um sujeito pode ocupar no interior da sociedade em que vive. Se compreendermos ele como um sujeito oriundo das classes médias, por exemplo, podemos enxergar quais hábitos, vínculos e funções que podem definir seu status no meio em que vive. Para tanto, avaliamos qual tipo de posto de trabalho ocupado, os locais de lazer frequentados, o partido político ao qual está filiado e sua posição no núcleo familiar.

Para se estabelecer uma definição mais bem acabada sobre os diferentes tipos de status que uma pessoa pode ter, os estudos sociológicos costumam grifar a existência de dois tipos de status: o status atribuído, onde alguém ocupa determinada posição independente de suas próprias ações (como “irmão mais velho” ou “filho de empresário”); e o status adquirido, situação em que a pessoa age em favor de certa condição (como “especialista” ou “criminoso”).

Nesse momento o conceito de papel social aparece justamente para explicar quais seriam os direitos e deveres que uma pessoa tem ao ocupar um determinado status social. Dessa forma, vemos que o papel social envolve todo o tipo de ação que a própria sociedade espera no momento em que um de seus integrantes ocupa certo status. Exemplificando de forma simples, podemos dizer que o médico deve salvar vidas, a mãe cuidar de seus filhos e o professor repassar conhecimento para os alunos.

Na compreensão de algumas culturas, a relação entre o status e o papel social pode nos mostrar algumas diferenças bastante interessantes. Realizando um contraponto entre duas sociedades, é possível analisar que indivíduos com status sociais semelhantes são levados a desempenhar diferentes funções. Um exemplo disso pode ser notado quando pensamos em um curandeiro de uma tribo indígena e o médico de alguma sociedade capitalista.

Enquanto o primeiro vive em contato com a comunidade e se utiliza de rituais religiosos para cumprir a função de curar pessoas, esperamos que um médico esteja em um consultório e que domine o uso de uma série de procedimentos científicos para realizar essa mesma tarefa. Assim, vemos que status e papel social são ferramentas teóricas de suma importância para o desenvolvimento de vasto leque de temas e objetos da Sociologia.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

2º Apresentação (aos 3º Anos)

Olá!

Seguindo nas instruções para as apresentações da segunda semana, temos como temas o Movimento Negro e o Movimento Operário.

Um recurso que deve ser bem explorado, para que vocês consigam dar um iniciada no assunto, é a apostila de sociologia( Volume 2).
Nela, todos os grupos terão textos introdutórios sobre os assuntos solicitado pelo professor que vôs escreve.

Bom, mas como já estamos por aqui, na rede, deixo como dica, os seguintes tópicos de pesquisa...

Sobre o Movimento Negro, creio que os grupos devem priorizar uma abordagem sobre a realidade brasileira, como também, a norte americana, visto que lá tivemos grandes "expoentes"( se é que assim podemos dizer) dessa luta social.

No Brasil, vejo grande importância no conhecimento sobre os seguintes movimentos:
- Frente Negra Brasileira (a partir de 1931)
- Movimento Negro Unificado ( a partir de 1978)

Sobre o movimento negro, a partir da realidade norte americana, destaco:
- Vida, história e bandeiras levantadas por Malcom X
- Os Panteras Negras (Black Panters)



Já para os assuntos sobre Movimento Operário, acredito que esse tema tenha inumeras referências espalhadas pela internet e em livros didáticos ou acadêmicos.

Contudo, podemos priorizar como foco para a apresentação os seguintes tópicos sobre a realidade brasileira:
- República Velha
- Era Vargas

Ainda sobre esse tema, vejo a importância em pesquisar a influência anarquista nesses movimentos (principalmente neste período de República Velha), assim como ter consciência das consequências da revolução industrial e seus impactos sociais desde o seu surgimento.




Acho que é isso...
Como fiz para os outros grupos, deixo aqui também dois links para pequisa:

Blog do Movimento Negro Unificado

Mudanças tecnológicas e transfiguração do cotidiano: tempos modernos

Abraços...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Recursos para as apresentações (aos 3º anos)

Olá!

Aos primeiros grupos que irão apresentar os temas sobre movimentos sociais, deixo algumas dicas de recursos e embasamento para melhor exposição.

Sobre o tema "Movimentos populares urbanos", considero recurso importante a leitura do livro de Eder Sader, entitulado "Quando novos personagens entraram em cena".
Sobretudo, indico a leitura de dois capítulos específicos: A trajetória dos migrantes na cidade e O espaço público e os pedaços da cidade.

Ainda sobre esse tema, pesquisando na internet mesmo, achei esse texto que pode dar uma boa reflexão à turma:
Clique aqui para acessar o texto



Já sobre o tema "Movimentos sociais pela terra", é imprescindível falar do MST, assim como outros movimentos organizados em torno da questão da reforma agrária no Brasil.

Indico como recurso o próprio site do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), assim como a leitura do livro "O que é reforma agrária", da coleção Primeiros Passos.
Clique aqui para acessar o site do MST




Para os outros temas, deixarei dicas como estas, nas próximas postagens...
Abraços!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Apresentação dos temas sobre Movimentos Sociais (aos 3º anos)

Olá!

Nesse 3º Bimestre, propus como avaliação principal aos alunos do 3º ano, a produção e apresentação dos conhecimentos referentes ao tema "Movimentos Sociais".

As turmas foram divididas por grupos e assuntos, ficando cada um responsável pela pesquisa e exposição de um movimento social específico (movimento negro, feminista, operário, etc).

Como os temas são amplos e o tempo de apresentação será curto, deixarei aberto a cada grupo a procura de informações e conhecimento sobre seu tema. Porém, para a otimização e melhor aproveitamento do aprendizado priorizado por tal atividade, torna-se necessário a seguinte organização:

1. Cada exposição deve priorizar, dentro de seu tema, os seguintes requisitos:
  • Histórico do movimento (quando e porque surgiu o mesmo);
  • Quais são suas principais bandeiras de luta;
  • Quais os momentos e ações marcantes relacionadas às práticas do movimento em questão;
  • Os atores sociais envolvidos;
  • Uma análise crítica do grupo sobre a importância do movimento.

2. Os recursos a serem utilizados para apresentação devem respeitar o tempo e as limitações da sala de aula (poderão utilizar a lousa, cartazes, fotos, textos...)

3. Ao final, cada grupo entregará um relatório breve sobre seu assunto, de acordo com que foi exposto em sala.



Deixarei adiante algumas indicações de leituras e pesquisas relevantes ao embasamento de cada movimento...
Por hora, caso reste alguma dúvida, fiquem a vontade em solicitar ajuda utilizando os comentários dessa postagem.

Indústria Cultural (aos 2º anos)

Texto introdutório referente ao tema "Cultura e consumo"

Indústria Cultural, Comunicação de Massa e Cultura de Massa

(...) podemos dizer que a presença do aparelho de tevê e, nos últimos tempos, a internet, se fixaram tão fortemente no cotidiano das pessoas que muitos assumem tais meios de comunicação como seu único lazer. Além deles, há ainda a escuta de rádio, a leitura de jornais e revistas, a escuta de discos, ou seja, um lazer financiado pela indústria do entretenimento, que usualmente se designa como industria cultural. Com eles, forma-se a idéia de que o lazer é todo voltado para o consumo ou para atividade que levam ao consumo.

Os estudos de orçamento/tempo mostraram que, efetivamente, quase a metade do tempo livre de nossa população é gasta com um lazer produzido pela indústria cultural, vindo principalmente da televisão e internet, seguida de longe pelo rádio e, mais de longe ainda, pelos livros, discos, jornais e revistas.

Contudo, é perigoso afirmar que determinada atividade seja, ou não, produzida pela indústria cultural, é também importante observar que tais meios de comunicação de massa nada mais são do que a reprodução de conteúdos de outras práticas de lazer. Como por exemplo, o volume de concertos de música erudita ou popular vistos nas rádios e tevês é incomparavelmente maior do que o das salas de show e concertos ao vivo. O mesmo vale para outros espetáculos artísticos e para o esporte, a ginástica, a jardinagem, a culinária, a informação em geral. Trata-se de um consumo de lazer e não de prática ativa de lazer.

É importante ressaltar então, as relações estabelecidas entre indústria cultural, meios de comunicação de massa e com a cultura de massa. Em um primeiro momento, podemos achar que estas expressões funcionam como sinônimos, mas não é assim.

Não se pode falar em indústria cultural e sua conseqüência, a cultura de massa, em um período anterior ao da revolução Industrial, no século XVIII; do surgimento de uma economia de mercado, uma economia baseada no consumo de bens; e da existência de uma sociedade de consumo, segunda parte do século XIX. Assim, a indústria cultural, os meios de comunicação de massa e a cultura de massa surgem com funções do fenômeno da industrialização. E estas, através das alterações que ocorrem no modo de produção e na forma de trabalho humano, que determinam um tipo particular de indústria (a cultural) e de cultura (a de massa). E isto vai dependendo completamente, do uso crescente da máquina, da submissão do ritmo de humano de trabalho ao ritmo da própria máquina, da exploração do trabalhador, da divisão do trabalho. Conseqüências da revolução industrial, traços marcantes de uma sociedade capitalista, em que é nítida a oposição de classes. Neste momento começa a surgir a cultura de massa. Podemos observar desde então, conseqüências diretas e indiretas na distribuição cultural dos dias de hoje.

Uma característica muito importante da indústria cultural, é a formação de uma cultura homogênea.


terça-feira, 25 de agosto de 2009

A comunidade dos homens (aos 1º e 2º anos)

Seguindo nos assuntos sobre socialização, foi realizada uma leitura e reflexão sobre o texto a seguir:


A comunidade dos homens

O homem é um ser que fala; é um ser que trabalha e, por meio do trabalho, transforma a natureza e a si mesmo.

Nada disso, porém, será completo se não enfatizarmos que a ação humana é uma ação coletiva. O trabalho é executado como tarefa social, e a palavra toma sentido pelo diálogo.

Nem mesmo o ermitão pode ser considerado verdadeiramente solitário, pois nele a ausência do outro é apenas camuflada, e sua escolha de se afastar faz permanecer a cada momento, em cada ato seu, a negação e, portanto, a consciência e a lembrança da sociedade rejeitada. Seus valores, mesmo colocados contra os da sociedade, se situam também a partir dela. A recusa de se comunicar é ainda um modo de comunicação...

O mundo cultural é um sistema de significados já estabelecidos por outros, de modo que, ao nascer, a criança encontra o mundo de valores já dados, onde ela vai se situar. A língua que aprende, a maneira de se alimentar, o jeito de sentar, andar, correr, brincar, o tom da voz nas conversas, as relações familiares, tudo enfim se acha codificado. Até na emoção, que pareceria uma manifestação espontânea, o homem fica à mercê de regras que dirigem de certa forma a sua expressão. Podemos observar como a nossa sociedade, preocupada com a visão estereotipada da masculinidade, vê com complacência o choro feminino e o recrimina no homem.

O próprio corpo humano nunca é apresentado como mera anatomia, de tal forma que não existe propriamente o "nu natural": todo homem já se percebe envolto em panos, e portanto em interdições, pelas quais é levado a ocultar sua nudez em nome de valores (sexuais, amorosos, estéticos) que lhe são ensinados. E mesmo quando se desnuda, o faz também a partir de valores, pois transgride os estabelecidos ou propõe outros novos.

Todas as diferenças existentes no comportamento modelado em sociedade resultam da maneira pela qual os homens organizam as relações entre si, que possibilitam o estabelecimento das regras de conduta e dos valores que nortearão a construção da vida social, econômica e política.

Considerando isso, como fica a individualidade diante da herança social? Há o risco de o indivíduo perder sua liberdade e autenticidade. É o que Heidegger, filósofo alemão contemporâneo, chama de "mundo do man" {man equivale em português ao pronome reflexivo se ou ao impessoal a gente). Veste-se, come-se, pensa-se, não como cada um gostaria de se vestir, comer ou pensar, mas como a maioria o faz. Os sistemas de controle da sociedade aprisionam o indivíduo numa rede aparentemente sem saída.

Entretanto, assim como a massificação pode ser decorrente da aceitação sem critica dos valores impostos pelo grupo social, também é verdade que a vida autêntica só pode ocorrer na sociedade e a partir dela. Aí reside justamente o paradoxo de nossa existência social, pois, como vimos, o processo de humanização se faz pelas relações entre os homens, e é dos impasses e confrontos dessas relações que a consciência de si emerge lentamente. O homem move-se, então, continuamente entre a contradição e sua resolução.

Cabe ao homem a preocupação constante de manter viva a dialética, a contradição fecunda de pólos que se opõem mas não se separam, pela qual, ao mesmo tempo em que o homem é um ser social, também é uma pessoa, isto é, tem uma individualidade que o distingue dos demais.

Portanto, a sociedade é a condição da alienação e da liberdade, é a condição para o homem se perder, mas também de se encontrar. O sociólogo norte-americano Peter Berger usa a expressão êxtase (ékstasis, em grego, significa "estar fora", "sair de si") para explicar o ato possível de o homem "se manter do lado de fora ou dar um passo para fora das rotinas normais da sociedade", o que permite o distanciamento e alheamento em relação ao próprio mundo em que se vive.

A função de "estranhamento" é fundamental para o homem desencadear as forças criativas, e se manifesta de múltiplas formas: quando paramos para refletir na vida diária, quando o filósofo se admira com o que parece óbvio, quando o artista lança um olhar novo sobre a sensibilidade já embaçada pelo costume, quando o cientista descobre uma nova hipótese.

O "sair de si" é remédio para o preconceito, o dogmatismo, as convicções inabaláveis e portanto paralisantes. É a condição para que, ao retomar de sua "viagem", o homem se tome melhor.


(Texto extraído do Livro Filosofando, introdução à filosofia, de Maria L. A. Aranha e Maria H. P. Martins)



Cultura e humanização (aos segundos anos)

Para a primeira aula pós-férias nas turmas de segundo ano, retomei um dos principais assuntos discutidos no 1º semestre, que foi "cultura e diversidade".

Com esse assunto, foi priorizado uma abordagem sobre as características multiplas do homem em sociedade; de como ele recebe influências sociais que transparecem nas mínimas ações realizadas; uma abordagem que tentou evidenciar que, a Cultura que carregamos, não nasceu e transcorreu por si só, mas depende do Espaço social de que você usufrui e vive, depende das relações e valores que você acrescentará pra si, no decorrer de sua trajetória...

Enfim, para o 3º bimestre, focaremos mais a abordagem, buscando problematizar este ser que integra e realiza esse "social".
Sendo assim, iniciamos nossas reflexões a partir do texto:


Cultura e humanização

As diferenças entre o homem e o animal não são apenas de grau, pois, enquanto o animal permanece mergulhado na natureza, o homem é capaz de transformá-la, tomando possível a cultura. O mundo resultante da ação humana é um mundo que não podemos chamar de natural, pois se encontra transformado pelo homem.

A palavra cultura também tem vários significados, tais como o de cultura da terra ou cultura de um homem letrado. Em antropologia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o contato que homem tem com o mundo é intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos elabora- dos por um povo em determinado tempo e lugar. Dada a infinita possibilidade de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas.

A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do homem, o que o caracteriza como um ser de mutação, um ser de projeto, que se faz à medida que transcende, que ultrapassa a própria experiência.

Quando o filósofo contemporâneo Gusdorf diz que "o homem não é o que é, mas é o que não é", não está fazendo um jogo de palavras. Ele quer dizer que o homem não se define por um modelo que o antecede, por uma essência que o caracteriza, nem é apenas o que as circunstâncias fizeram dele. Ele se define pelo lançar-se no futuro, antecipando, por meio de um projeto, a sua ação consciente sobre o mundo.

Não há caminho feito, mas a fazer, não há modelo de conduta, mas um processo contínuo de estabelecimento de valores. Nada mais se apresenta como absolutamente certo e inquestionável.
É evidente que essa condição de certa forma fragiliza o homem, pois ele perde a segurança característica da vida animal, em harmonia com a natureza.

Ao mesmo tempo, o que parece ser sua fragilidade é justamente a característica humana mais perfeita e mais nobre: a capacidade do homem de produzir sua própria história.



(Texto extraído do livro "Filosofando, introdução à filosofia", de Maria L. A. Aranha e Maria H. P. Martins)

(T




terça-feira, 18 de agosto de 2009

Movimentos sociais na Europa do século XIX (aos terceiros anos)

Voltando das férias hoje, retomei alguns assuntos já discutidos com meus alunos de terceiro ano...
Como exposto em aula, os conteúdos do 1º semestre giraram em torno da discussão sobre cidadania e deste conceito refletido e relacionado a partir da realidade do sistema capitalista.

Dando sequência, avançaremos os conteúdos levando em consideração outro "eixo" de trabalho, que será "Movimentos e lutas sociais".

Como prévia para as próximas discussõe, lemos o texto abaixo:




Movimentos sociais na Europa do século XIX

CLAUDIO B. RECCO

Durante o século 19, a sociedade européia conheceu um forte processo de organização política --o que deu maior consistência às lutas sociais.

Nesse período, a burguesia se tornou a classe social hegemônica, alcançando o poder em diversos países, fato que permitiu a expansão do capitalismo.

As Revoluções Liberais que ocorreram no continente tiveram repercussão também no Japão e na América, em particular nos Estados Unidos.

Em 1830, diversas revoluções varreram o continente europeu e foram responsáveis pela eliminação definitiva do Antigo Regime na França e pela independência da Bélgica. Os dois países tornaram-se monarquias constitucionais, em que a alta burguesia adquiriu papel preponderante no Estado, e deram início ao processo de industrialização. Em outros países, os movimentos sociais que pretenderam a independência ou a unificação foram abortados pela repressão.

Em 1848, novas revoluções ocorreram. Em seu conjunto, foram denominadas Primavera dos Povos, pois contaram com grande participação das camadas populares, em parte influenciadas pelas idéias socialistas. No entanto a ideologia predominante e que comandou os movimentos do período foi o liberalismo.

Apesar de ter sido uma grande "onda revolucionária", o liberalismo produziu transformações significativas na França, com a proclamação da 2ª República e a formação de um governo de coalizão com a participação de socialistas.

Durante todo esse período, percebemos a luta de outros povos na Europa: os poloneses e os húngaros buscavam a independência frente aos impérios russo e austríaco, respectivamente; alemães e italianos lutavam pela unificação --os alemães, principalmente de forma institucional, liderados pela elite da Prússia, enquanto os italianos, a partir de seus movimentos secretos nacionalistas. Na Inglaterra, a classe operária organizou o movimento cartista, que lutou por direitos políticos e trabalhistas.

Se o operariado passou a se organizar e a participar efetivamente da luta por direitos e diretamente pelo poder, foi a burguesia quem efetivamente passou a controlar o Estado e impôs a sua hegemonia.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Mais do mesmo...

Burocracia toma mais tempo de diretor do que pedagogia

Mais do que salário, violência e espaço físico inadequado, a principal queixa dos diretores da rede municipal de São Paulo é o excesso de burocracia.

A constatação foi feita em pesquisa do Sinesp (sindicato da categoria), que entrevistou em março 373 gestores. Destes, 53% se queixaram que gastam mais tempo com papéis e formulários do que com atividades pedagógicas --reuniões com os professores, por exemplo.



Seguindo nas postagens sobre as mazelas da educação no Brasil, deixo esse trecho de mais uma pesquisa na área em questão...

Quem se interessar pela leitura na íntegra da matéria, só clicar aqui

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Quer dizer que a culpa é só minha?

Opaa!
como vão todos?

Vou confessar que não fiquei triste com as férias prolongadas, apesar de desconfiar da eficiência e necessidade de tal adiamento para o dito "controle da disseminação do influenza A".
Mas enfim, não é por esse assunto que retomo as postagens do blog.

Me "aquecendo" pro retorno às salas de aula, em um dos meus estudos rotineiros, me deparei com uma matéria jornalística sobre as mazelas do ensino brasileiro.
A matéria fazia um comparativo do sistema de ensino de três paises: Brasil, Cuba e Chile.
Numa leitura rápida, o parecer que ela dá sobre nosso sistema não fugiu muito do que ecoa pelos debates da área: o Brasil sofre por ter enormes redes de ensino e por essas redes terem váriados currículos, o que gera desníveis educacionais de uma região para outra, sem contar é claro, com a falta de estrutura geral que os profissionais se deparam ao ingressar no sistema.

Porém, o que me chamou a atenção é que, ao comparar nosso sistema de ensino com o modelo cubano, a matéria termina por nomear grande parte da culpa dos erros brasileiros ao professor e sua precaria formação.
Segundo o pesquisador Martin Carnoy, autor do estudo comparativo, Cuba forma melhor os seus alunos porque seus professores "têm mais domínio da disciplina e têm uma clara ideia de como ensiná-la".

Salvo as claras comparações das dimensões organizacionais de cada país, e as referências que o artigo faz de outros pontos determinantes, como o envolvimento de várias outras instituições sociais que também dividem a responsabilidade da formação educacional dos jovens (Estado, família, escola...), o que se percebe no geral é que a matéria, e aquele que a transmite, tem clara intenção de deteriorar mais ainda a figura do professor.

Logo no início da mesma, em sua manchete, já nos deparamos com tal agressão: "Alunos cubanos são melhores que os brasileiros porque seus professores sabem mais, diz pesquisador dos EUA".
Bom, se o pesquisador aponta várias esferas responsáveis para essa superioridade do sistema cubano, no decorrer da notícia, a pergunta que se faz é: por que uma manchete indicando apenas uma esfera comparativa? e por que essa "culpa" recai de forma mais ferrenha aos professores?

Não é de hoje que nós professores somos atacados enquanto classe profissional e "pagamos o pato" pela falência do ensino brasileiro.
Ataques esses proferidos pela mídia, por propagandas, por políticas educacionais desconectas com a realidade, que ajudam a formar uma opinião pública rasteira e superficial, não levando em conta, como já dito, as raízes do problema.

Estou atuando dentro dessa classe profissional e sei sim que ela deve ser responsabilizada em diversos erros, mas lhe atribuir tal fardo, única e exclusivamente, como vemos nessas ofensivas, traz consequências desastrosas para o andamento de toda e qualquer atitude de mudança pretendida.

Bom, vou largar o mega fone agora e descer do palanque...
Fica por parte de vocês, seguidores do blog e aqueles que vivenciam a realidade, continuarem tal reflexão...




Deixo abaixo o link da notícia e de um vídeo contrapondo a visão simplista e sensacionalista da matéria...



NOTÍCIA
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/08/10/ult105u8522.jhtm



VÍDEO -Socióloga analisa situação dos professores temporários




PS¹.: O vídeo discute a realidade do sistema paulista de ensino, porém tal ponto de vista pode servir de reflexão para outras realidades de sistemas educacionais, pois problematiza e ressalta diversos fatores de ambito nacional.

PS².: Tanto o vídeo, quanto a notícia foram extraídos do Site Universo On-line - UOL (engraçado né... bate! depois assopra, ou vice-versa)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Declaração dos Direitos do Homem...

Saudações, meus car@s!

Conforme citado no texto que publiquei sobre "Cidadania" no último post, um dos frutos e marcos deste conceito e das idéias que envolvem-no foi a elaboração da "Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da Assembléia Nacional francesa" em agosto de 1789. Tal documento representou muito para a história moderna e influenciou as vindouras constituições, especialmente a francesa e a americana, além de trazer uma noção fundamental para o Direito moderno e ampliar a discussão no âmbito de "até onde" um governo pode interferir nas individualidades, quais suas responsabilidades, quais os deveres destes indivíduos e como devem, estes, portar-se a fim de garantirem uma vida digna em sociedade.

É interessante fazer tal leitura, especialmente, apoiando-se (em certa medida) nas idéias que se fazem presente sobre o texto (em cada artigo), no qual podemos identificar pensamentos e argumentos que podem ter sido originados ou influenciados pelas teorias de Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau.

A seguir, links para os artigos que compõem tal Declaração.

Abraços a tod@s,
Bruno Muniz.

---

Clique em um dos links abaixo e, em seguida, em "Click here to start download".

ARQUIVO EM *.PDF
(necessita o programa Adobe Reader)
http://www.mediafire.com/?zmoq4joddyx

ARQUIVO EM *.DOC
(necessita o programa Microsoft Office Word 2003 ou posterior)
http://www.mediafire.com/?z52yekjedmn

sábado, 27 de junho de 2009

Cidadania, o que é e o que está ligado a isto?

Saudações, amigos e estudantes!

Aqui estou, mais uma vez, para publicar um texto de apoio que preparei para meus estudantes de terceiros anos com o que foi discutido ao longo do segundo bimestre no que concerne à noção de Cidadania e o que implica tal conceito.
Trata-se de um apanhado histórico, cronológico, simplificado mas com informações mais fundamentais sobre o assunto.
Espero que esteja a tempo e que ajude, de fato, na compreensão de toda a discussão.

Abraços, meus car@s!
Profº Bruno Muniz.

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Clique em um dos links abaixo e, em seguida, em "Click here to start download".

ARQUIVO EM *.PDF
(necessita o programa Adobe Reader)
http://www.mediafire.com/?zzdtrizw1nj

ARQUIVO EM *.DOC
(necessita o programa Microsoft Office Word 2003 ou posterior)
http://www.mediafire.com/?m4d4owzznd1

terça-feira, 16 de junho de 2009

Revolução Industrial - AOS PRIMEIROS ANOS

Revolução Industrial e suas consequências foi o tema trabalhado no 2º Bimestre, nas salas do primeiro ano.

Apesar dos alunos acharem um tema viciado (sempre acham), devido ao tema ser trabalhado em outros anos e em outras disciplinas, o assunto se faz necessário à Sociologia.
Isto não só pelo fato de suas transformações que adentram até o presente momento, mas principalmente pela sua influência para o surgimento desta ciência, que é a Sociologia.

Esta revolução, ao trazer os avanços e benefícios tecnológicos, nos deixou de "brinde" consequências catastróficas, no que se refere ao lado humano e social.
No fator econômico, a revolução industrial só aumentou as desigualdades de renda e acesso a bens e infraestrutura entre burgueses e operários, acirrando ainda mais os conflitos de classes e a exploração do homem pelo homem. Surge assim, o capitalismo.

Por consequência dela também, vimos a população mundial se expandir em velocidade desenfreada, no qual grandes contingentes populacionais migravam do campo à cidade, em busca de suprir suas necessidades de sobrevivencia.

Em âmbito político, presenciamos a ascensão burguesa que, não contente em já deter o poder e domínio econômico, requesita para si também o domínio político, destituindo nobres, clerigos e reis do posto.
Chegamos ao ponto, hoje, de constatar multinacionais ditando as regras de boa conduta e política (frouxa) para os governantes de cada nação.

Sua inflência não se fez sentir só nos mais abastados financeiramente, como acarretou na organização da classe operária, movendo essa a construir partidos, sindicatos e movimentos em defesa de seus ideais e valores.

Todo esse jogo de transformações para as relações humanas trouxeram novas preocupações, como também novas exigências e, para que essas fossem entendidas, vários pensadores se empenharam em estudos e teorias, abarcando essas temáticas conflituosas.
Pensadores como os Socialistas utópicos e, mais tarde, Augusto Comte, foram os responsáveis por formular as teorias que mais afrente seriam denominadas Sociologia.

Portanto, a Sociologia tem seu nascimento datado a partir dos desafios impostos pela sociedade moderna e a vontade do homem em entender questões antes nunca vivenciadas.

Finalizo meu post, como sempre, com o link dos textos trabalhados em sala.

Revolução industrial
(Texto estraído da página do Uol Educação)

Mudanças tecnológicas e transfiguração do cotidiano: tempos modernos

(Texto extraído do livro “Corrida para o século XXI. No loop da montanha-russa”, de Nicolau Sevcenko)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Texto - Linchamento

Utilizando-se de uma atividade que deu certo em algumas salas de primeiro ano do ensino médio, foi desenvolvida a leitura e discussão sobre a entrevista do sociólogo José de Souza Martins, que versava sobre "linchamento".

Tal atividade teve a intenção de evidenciar a analise sociológica sobre um fato social que, em nossos dias, tem sido encarado como "normal".
Sendo assim, a abordagem que se fez em cada turma girou em torno da questão (já trabalhada em outras aulas) da persepção do senso comum diante de uma análise mais aprofundada, específica da disciplina sociológica.

Diante disto, foi proposto a realização de uma atividade rápida e, para a conclusão da mesma, deixo o link da entrevista na íntegra.

http://www.estado.com.br/suplementos/ali/2008/02/17/ali-1.93.19.20080217.7.1.xml

domingo, 10 de maio de 2009

Fim do Primeiro Bimestre

E chega ao fim a primeira etapa...

Foram aproximadamente 10 aulas (de cinquenta minutos cada), no qual a Sociologia tentou adentrar o universo de aprendizado dos educandos, mostrando sua especificidade de olhar a realidade.

Minutos escassos, é verdade, mesmo assim acredito que, no geral, a disciplina causou o estranhamento necessário entre os alunos, para que os mesmos começassem a desempenhar a visão crítica sobre os assuntos estudados.

Contudo, venho expor nesse post, um ponto preocupante analisado nesse primeiro bimestre.
Me refiro a questão da escrita de cada aluno, tanto no que se refere ao português formal (pontuação, concordância, ortografia correta, etc.), quanto à estrutura coerente de um texto dissertativo.

Afirmo isso após a correção dos trabalhos e provas dessa primeira etapa, no qual pude constatar muita dificuldade dos alunos (de ensino médio) em expressar suas ideias, através de uma escrita clara e bem estruturada.

Creio que essas dificuldades estão muito relacionadas ao vício de escrita rápida e descuidada da internet (Orkut, MSN e afins).

Como já discutido em algumas salas, deixo aqui alguns links referentes a essas dificuldades, para que os alunos possam se orientar quando houver alguma atividade escrita.



Vírgula. Quando usar, ou não
http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u21.jhtm


Dissertação. Como escrever esse tipo de redação
http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u53.jhtm

domingo, 12 de abril de 2009

CIDADANIA - 3º ANO

Nas últimas semanas foi proposto aos terceiros anos a reflexão sobre Cidadania, tema central que compõe o caderno de sociologia do aluno (Currículo do Estado de São Paulo).

Ao introduzir tal tema, busquei não estacionar apenas na noção (já viciada) de "direitos e deveres", explorando mais a característica mutável desta categoria, visto que os preceitos da cidadania que conhecemos hoje nem sempre existiram e foram assegurados em outras épocas, em outras sociedades.

Contudo, a partir da noção de direitos civis, políticos, sociais e humanos, começamos a desenvolver uma reflexão inicial sobre CIDADANIA E CAPITALISMO.

Pensar em cidadania no sistema econômico/cultural capitalista é considerar a existência das desigualdades sociais como base estruturadora da sociedade, sendo que este modo de produção visa a exploração do homem pelo homem e, portanto, prevê que uns serão mais favorecidos que outros (favorecidos no que se refere ao acesso a bens e infra-estrutura necessárias à vida). Diante disto, como garantir que todos desfrutem plenamente destes direitos conquistados e "assegurados" em nossa época?

Para tanto, foi apresentado o curta "Ilha das Flores", documentário de 1989, que apesar de ter sido produzido a 20 anos atrás, ainda se mostra muito atual em suas discussões e reflexões sobre as desigualdades sociais brasileiras.

Finalizando este post, deixo aqui o vídeo para quem quiser rever ou, no caso dos que não viram, também terem a chance de tal reflexão.


ILHA DAS FLORES



quarta-feira, 1 de abril de 2009

Problematizando a História

Com o intuito de preparar o terreno para introduzir os temas específicos de cada ano (definidos pelo Estado) na disciplina de Sociologia, aproveitei a data de hoje, 1º de Abril, para trazer aos alunos um histórico sobre a Ditadura Militar no Brasil, já que hoje são 45 anos completos desde o Golpe de 64.

Objetivos específicos a trabalhar posteriormente:
1ºs anos - "Ser-social" e as "Diferenças sociais";
2ºs anos - "Diversidade social";
3ºs anos - "Cidadania" e "Liberdades".


Abaixo, um texto de apoio, breve histórico do que significou o período e seus antecedentes.


Atenciosamente,
Profº Bruno M.
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45 anos de mentira
(por Bruno Muniz)


No "dia da mentira" de 1964, 1º de Abril, o Brasil vivia uma enorme transformação em sua realidade. Após um histórico nacional que trazia uma crise política de instabilidades, em meio a um contexto internacional de Guerra Fria do pós-Segunda Guerra, a sociedade brasileira amanheceu mais pálida, surpreendida, diferentemente confusa.

Após a renúncia de Jânio Quadros da presidência do Brasil, João Goulart, seu vice, assumiu o cargo, porém sua proximidade e abertura às aspirações populares não era bem vista pelas classes dominantes. Jango (João Goulart) era tido como "simpático ao comunismo", obtendo uma fama que nada fez bem a suas pretensões. Adepto de causas populares, dentre as quais, reforma agrária e econômica, Jango ganhou popularidade e fez inimigos.

O ambiente sócio-político mundial em que esta realidade política brasileira estava inserida era um ambiente de hostilidade e medo, pois ao término da Segunda Guerra Mundial, o mundo dividiu-se entre o "capitalismo" e o "vermelho" (o socialismo estatal). De um lado, o lado ocidental, os EUA possuiam a partir de então, a soberania no mundo capitalista. Do outro, ao lado oriental do globo, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde hoje localiza-se a Rússia e outros países do leste europeu e parte da Ásia) era a grande potência política e econômica. A sensação de que a qualquer momento um lado decretaria e, de fato, entraria em conflito com o outro era iminente. Esta insegurança trouxe consigo um medo sobre a expansão, no ocidente, do socialismo soviético, que pareceu justificar-se principalmente no ano de 1959, quando Fidel Castro, ao lado de Che Guevara, Raul Castro, dentre outros, chegaram ao momento final da Revolução Cubana. Tal revolução, apesar de não declaradamente socialista, teve certo apoio (ao menos, a posteriore) dos países socialistas do Oriente. Cuba, como um país latino-americano, representou, então, a chegada das idéias esquerdistas ao "Novo Mundo".

Tais questões uniram-se, como se Jango pudesse, então, ser a possibilidade de um Brasil socialista. Após discurso de Jango em defesa de suas idéias para a transformação da sociedade brasileira, os ânimos se acirraram, e as camadas conservadoras não viram tais idéias com bons olhos. Dias depois, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade é feita, uma marcha que reuniu milhares de pessoas no centro de São Paulo em defesa da moral, da família e da propriedade.

Em 31 de março, tropas militares às ruas, o clima não era mais de mera divergência de opiniões, mas sim, instaurava-se um clima de guerra, de choque entre forças adeptas às idéias de transformação da sociedade brasileira e de idéias de conservação da ordem estabelecida. O que levou às classes dominantes apoiarem (também por medo de um suposto "caos iminente") o que foi conhecido como o Golpe Militar de 64. Não mais uma possibilidade, uma realidade. O temido golpe de Jango, que transformaria o Brasil em país socialista foi dado, mas por outros e com outros fins. Jango, a fim de diminuir as tensões sociais e políticas, de amenizar a sensação de insegurança nacional, decide exilar-se no Uruguai, abrindo caminho, de vez, aos militares.

Em abril, mais precisamente dia 1º de Abril de 1964, o Brasil acordou sob o controle das forças militares, num período que durou até 1985, marcado pela repressão às idéias opositoras, pela perseguição aos "indesejados" (comunistas, socialistas, anarquistas, artistas, homossexuais, estudantes e professores, dentre outros) que de alguma maneira se mostrassem insatisfeitos com aquela realidade, além de outras ações, como exílio forçado, e etc. Um momento histórico que representa mais de 4% de nossa história [1]. Fase em que desaparecimentos, raptos, mortes e o medo eram rotina para o brasileiro.

O "dia da mentira" nunca pareceu tão assustador e confuso antes de 1964.


[1] - Os 4% a que me refiro são os 20 anos de Ditadura Militar com relação aos 509 anos de Brasil, baseando-me na "idade oficial" de nosso país.
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OBSERVAÇÃO
O texto acima não pretende-se como verdade única e absoluta sobre o tema.

Crise na educação - Parte II

Boa noite!

Para aqueles que estão utilizando este espaço como forma de ampliar os conhecimentos na área de sociologia e, consequentemente, aumentando ainda mais o escasso tempo de 50 minutos semanais desta aula no ensino médio, aqui vai uma indicação...

"Entre os muros da escola" (Entre les Murs - título original)

Indico este filme (francês) como complementação às discussões realizadas sobre a crise educacional brasileira.
A trama desse longa metragem é montada quase que inteiramente dentro de uma sala de aula, num colégio da periferia francesa, e aborda principalmente os conflitos (corriqueiros) entre professores e alunos.
Apesar da "película" ter origem européia, não é muito difícil se identificar com os problemas educacionais apresentados por lá, tornando-se assim, um bom exercício de auto-reflexão sobre nossas condutas e posturas dentro da sala de aula.

Enfim, eu assisti, e confesso que me senti na pele, tanto do ator protagonista (o professor), quanto dos alunos que fazem parte daquela escola.


Abaixo deixo a sinopse do filme, um trailer e os cinemas em que o fime está em cartaz.

Sinopse
François e seus colegas professores preparam o novo ano letivo em uma difícil escola da periferia parisiense. Munidos das melhores intenções, eles se apoiam mutuamente para manter vivo o estímulo de dar a melhor educação a seus alunos. A sala de aula, um microcosmo da França contemporânea, testemunha os choques entre as diferentes culturas. E por mais inspiradores e divertidos que sejam os adolescentes, seu difícil comportamento pode acabar com qualquer entusiasmo de professores mal pagos.

Trailer


Em cartaz nos seguintes cinemas:
  • Unibanco Arteplex Frei Caneca (Sala 7): 14h - 19h - 21h30 - 24h*
    *Apenas dia 28/03 (sábado).
    ENDEREÇO: Rua Frei Caneca, 569, 3º piso, - Cerqueira César
  • Espaço Unibanco Pompéia (Sala 7) : 16h20 - 21h10 -24h*
    *Apenas dia 28/03 (sábado
    ). ENDEREÇO: RUA TURIASSU, 2100 – PAVIMENTO 3 - POMPÉIA - SÃO PAULO – SP
  • Espaço Unibanco Augusta (Sala 2): 14h* - 16h30 - 19h - 21h30**. ENDEREÇO: Rua Augusta, 1.470/1475 Cerqueira César



sábado, 28 de março de 2009

Crise na educação - Parte I

Após algumas aulas introdutórias sobre a sociologia, resolvi desenvolver uma atividade que sintetizasse os temas até então trabalhados, até pra saber como os alunos estão recebendo as discussões e explicações dadas em sala.

Assim, usei a ESCOLA, instituição muito citada nos exemplos deles, como ponto de partida para uma atividade que gerasse reflexões sobre as próprias instituições sociais de que fazem parte, estimulando para a realização do mesmo, o ponto de vista sociológico sobre a realidade.

O tema proposto para esse exercício reflexivo era de realizar uma análise crítica sobre o seguinte tema:
Crise na educação: a escola não consegue desempenhar sua função de informar e, muito menos, a sua função formadora.

Diante disto, as discussões e redações realizadas por todas as turmas de ensino médio giraram em torno, quase sempre, sobre a falta de interesse tanto do aluno, quanto do professor na prática do ensino-aprendizagem.
Muito vagamente eram citadas outras instituições sociais, tais como Governo, Família, Valores sociais, estes também (muito) responsáveis por essa crise.

Seguindo do ponto de visto sociológico, sendo a escola uma instituição totalmente inserida e enraizada em nossa sociedade, esta mesma carrega em si valores sociais que transparecem em todas as outras instituições, seja ela a Família, seja outros espaços públicos, o que termina por nos conduzir, desta forma, ao seguinte questionamento: Será que o que está em crise é somente a escola? Ou nossa sociedade em si, com sua falta de perspectiva e valores, é que está em crise?

Como todas as turmas já puderam realizar tal reflexão, fecho aqui com a proposta de leitura do seguinte texto: "Crise na educação: por quê?"

Clique aqui para baixar o texto /Click here to start download...

domingo, 22 de março de 2009

Senso comum X Conhecimento científico

Para firmar um entendimento inicial sobre a disciplina sociológica e seus conteúdos, priorizei em minhas aulas uma abordagem que especificasse dois tipos de conhecimentos distintos: o senso comum e o conhecimento científico.

A intenção era mostrar ao aluno que não se constroi um conhecimento sociológico imerso no senso comum, mas que partimos desse mesmo conhecimento para o apronfundamento e a obtenção de um saber científico, de um saber concreto e mais elaborado.

Sendo a sociologia uma ciência, a mesma se faz válida através de estudos sistemáticos, buscando sempre se afastar da subjetividade e das emoções embutidas no senso comum, ou seja, a ciência sociológica se preocupa com a descoberta de regularidades existentes em determinados fatos, no qual, os mesmos ajudaram a formar um conhecimento mais objetivo.

Finalizo aqui com a indicação das seguintes leituras complementares:

FILOSOFANDO: Introdução à filosofia, de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins (Leitura da Unidade III, Capítulo 11 - O conhecimento científico).

Deixo também o link abaixo, com uma síntese sobre tal assunto:
http://www.geocities.com/joaojosefonseca/esquerdo.htm

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ainda sobre instituições...

Simplificando e agilizando as discussões por aqui, faltou deixar a definição do dicionário sobre instituição social...

Dicionário Michaelis

Instituição social: complexo integrado por idéias, padrões de comportamento, relações inter-humanas e, muitas vezes, um equipamento material, organizados em torno de um interesse socialmente reconhecido.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Instituição social

Nas minhas primeiras aulas de sociologia em 2009, priorizei uma discussão que girasse em torno de alguns temas e pontos de vista do conhecimento sociológico.
Em quase todas as turmas de ensino médio, foi perguntado sobre a idéia que eles tinham sobre "instituições sociais" e, em todas as turmas, foram exemplificadas instituições tais como: Família, Estado, Escola, entre outras...

Explorando isso, deixo aqui um texto que versa sobre o sentido de uma Instituição social, dando exemplos plausíveis de acordo com o ponto de vista sociológico.

Clique aqui para baixar o texto / Click here to start download...

Ciências sociais no ensino médio

Olá amigos, alunos e visitantes.

Este blog foi criado para discussão, exposição de textos, imagens, vídeos e outros recursos que auxiliem na construção de conhecimento dentro das ciências sociais.