domingo, 12 de abril de 2009

CIDADANIA - 3º ANO

Nas últimas semanas foi proposto aos terceiros anos a reflexão sobre Cidadania, tema central que compõe o caderno de sociologia do aluno (Currículo do Estado de São Paulo).

Ao introduzir tal tema, busquei não estacionar apenas na noção (já viciada) de "direitos e deveres", explorando mais a característica mutável desta categoria, visto que os preceitos da cidadania que conhecemos hoje nem sempre existiram e foram assegurados em outras épocas, em outras sociedades.

Contudo, a partir da noção de direitos civis, políticos, sociais e humanos, começamos a desenvolver uma reflexão inicial sobre CIDADANIA E CAPITALISMO.

Pensar em cidadania no sistema econômico/cultural capitalista é considerar a existência das desigualdades sociais como base estruturadora da sociedade, sendo que este modo de produção visa a exploração do homem pelo homem e, portanto, prevê que uns serão mais favorecidos que outros (favorecidos no que se refere ao acesso a bens e infra-estrutura necessárias à vida). Diante disto, como garantir que todos desfrutem plenamente destes direitos conquistados e "assegurados" em nossa época?

Para tanto, foi apresentado o curta "Ilha das Flores", documentário de 1989, que apesar de ter sido produzido a 20 anos atrás, ainda se mostra muito atual em suas discussões e reflexões sobre as desigualdades sociais brasileiras.

Finalizando este post, deixo aqui o vídeo para quem quiser rever ou, no caso dos que não viram, também terem a chance de tal reflexão.


ILHA DAS FLORES



quarta-feira, 1 de abril de 2009

Problematizando a História

Com o intuito de preparar o terreno para introduzir os temas específicos de cada ano (definidos pelo Estado) na disciplina de Sociologia, aproveitei a data de hoje, 1º de Abril, para trazer aos alunos um histórico sobre a Ditadura Militar no Brasil, já que hoje são 45 anos completos desde o Golpe de 64.

Objetivos específicos a trabalhar posteriormente:
1ºs anos - "Ser-social" e as "Diferenças sociais";
2ºs anos - "Diversidade social";
3ºs anos - "Cidadania" e "Liberdades".


Abaixo, um texto de apoio, breve histórico do que significou o período e seus antecedentes.


Atenciosamente,
Profº Bruno M.
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45 anos de mentira
(por Bruno Muniz)


No "dia da mentira" de 1964, 1º de Abril, o Brasil vivia uma enorme transformação em sua realidade. Após um histórico nacional que trazia uma crise política de instabilidades, em meio a um contexto internacional de Guerra Fria do pós-Segunda Guerra, a sociedade brasileira amanheceu mais pálida, surpreendida, diferentemente confusa.

Após a renúncia de Jânio Quadros da presidência do Brasil, João Goulart, seu vice, assumiu o cargo, porém sua proximidade e abertura às aspirações populares não era bem vista pelas classes dominantes. Jango (João Goulart) era tido como "simpático ao comunismo", obtendo uma fama que nada fez bem a suas pretensões. Adepto de causas populares, dentre as quais, reforma agrária e econômica, Jango ganhou popularidade e fez inimigos.

O ambiente sócio-político mundial em que esta realidade política brasileira estava inserida era um ambiente de hostilidade e medo, pois ao término da Segunda Guerra Mundial, o mundo dividiu-se entre o "capitalismo" e o "vermelho" (o socialismo estatal). De um lado, o lado ocidental, os EUA possuiam a partir de então, a soberania no mundo capitalista. Do outro, ao lado oriental do globo, a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde hoje localiza-se a Rússia e outros países do leste europeu e parte da Ásia) era a grande potência política e econômica. A sensação de que a qualquer momento um lado decretaria e, de fato, entraria em conflito com o outro era iminente. Esta insegurança trouxe consigo um medo sobre a expansão, no ocidente, do socialismo soviético, que pareceu justificar-se principalmente no ano de 1959, quando Fidel Castro, ao lado de Che Guevara, Raul Castro, dentre outros, chegaram ao momento final da Revolução Cubana. Tal revolução, apesar de não declaradamente socialista, teve certo apoio (ao menos, a posteriore) dos países socialistas do Oriente. Cuba, como um país latino-americano, representou, então, a chegada das idéias esquerdistas ao "Novo Mundo".

Tais questões uniram-se, como se Jango pudesse, então, ser a possibilidade de um Brasil socialista. Após discurso de Jango em defesa de suas idéias para a transformação da sociedade brasileira, os ânimos se acirraram, e as camadas conservadoras não viram tais idéias com bons olhos. Dias depois, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade é feita, uma marcha que reuniu milhares de pessoas no centro de São Paulo em defesa da moral, da família e da propriedade.

Em 31 de março, tropas militares às ruas, o clima não era mais de mera divergência de opiniões, mas sim, instaurava-se um clima de guerra, de choque entre forças adeptas às idéias de transformação da sociedade brasileira e de idéias de conservação da ordem estabelecida. O que levou às classes dominantes apoiarem (também por medo de um suposto "caos iminente") o que foi conhecido como o Golpe Militar de 64. Não mais uma possibilidade, uma realidade. O temido golpe de Jango, que transformaria o Brasil em país socialista foi dado, mas por outros e com outros fins. Jango, a fim de diminuir as tensões sociais e políticas, de amenizar a sensação de insegurança nacional, decide exilar-se no Uruguai, abrindo caminho, de vez, aos militares.

Em abril, mais precisamente dia 1º de Abril de 1964, o Brasil acordou sob o controle das forças militares, num período que durou até 1985, marcado pela repressão às idéias opositoras, pela perseguição aos "indesejados" (comunistas, socialistas, anarquistas, artistas, homossexuais, estudantes e professores, dentre outros) que de alguma maneira se mostrassem insatisfeitos com aquela realidade, além de outras ações, como exílio forçado, e etc. Um momento histórico que representa mais de 4% de nossa história [1]. Fase em que desaparecimentos, raptos, mortes e o medo eram rotina para o brasileiro.

O "dia da mentira" nunca pareceu tão assustador e confuso antes de 1964.


[1] - Os 4% a que me refiro são os 20 anos de Ditadura Militar com relação aos 509 anos de Brasil, baseando-me na "idade oficial" de nosso país.
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OBSERVAÇÃO
O texto acima não pretende-se como verdade única e absoluta sobre o tema.

Crise na educação - Parte II

Boa noite!

Para aqueles que estão utilizando este espaço como forma de ampliar os conhecimentos na área de sociologia e, consequentemente, aumentando ainda mais o escasso tempo de 50 minutos semanais desta aula no ensino médio, aqui vai uma indicação...

"Entre os muros da escola" (Entre les Murs - título original)

Indico este filme (francês) como complementação às discussões realizadas sobre a crise educacional brasileira.
A trama desse longa metragem é montada quase que inteiramente dentro de uma sala de aula, num colégio da periferia francesa, e aborda principalmente os conflitos (corriqueiros) entre professores e alunos.
Apesar da "película" ter origem européia, não é muito difícil se identificar com os problemas educacionais apresentados por lá, tornando-se assim, um bom exercício de auto-reflexão sobre nossas condutas e posturas dentro da sala de aula.

Enfim, eu assisti, e confesso que me senti na pele, tanto do ator protagonista (o professor), quanto dos alunos que fazem parte daquela escola.


Abaixo deixo a sinopse do filme, um trailer e os cinemas em que o fime está em cartaz.

Sinopse
François e seus colegas professores preparam o novo ano letivo em uma difícil escola da periferia parisiense. Munidos das melhores intenções, eles se apoiam mutuamente para manter vivo o estímulo de dar a melhor educação a seus alunos. A sala de aula, um microcosmo da França contemporânea, testemunha os choques entre as diferentes culturas. E por mais inspiradores e divertidos que sejam os adolescentes, seu difícil comportamento pode acabar com qualquer entusiasmo de professores mal pagos.

Trailer


Em cartaz nos seguintes cinemas:
  • Unibanco Arteplex Frei Caneca (Sala 7): 14h - 19h - 21h30 - 24h*
    *Apenas dia 28/03 (sábado).
    ENDEREÇO: Rua Frei Caneca, 569, 3º piso, - Cerqueira César
  • Espaço Unibanco Pompéia (Sala 7) : 16h20 - 21h10 -24h*
    *Apenas dia 28/03 (sábado
    ). ENDEREÇO: RUA TURIASSU, 2100 – PAVIMENTO 3 - POMPÉIA - SÃO PAULO – SP
  • Espaço Unibanco Augusta (Sala 2): 14h* - 16h30 - 19h - 21h30**. ENDEREÇO: Rua Augusta, 1.470/1475 Cerqueira César