terça-feira, 25 de agosto de 2009

Cultura e humanização (aos segundos anos)

Para a primeira aula pós-férias nas turmas de segundo ano, retomei um dos principais assuntos discutidos no 1º semestre, que foi "cultura e diversidade".

Com esse assunto, foi priorizado uma abordagem sobre as características multiplas do homem em sociedade; de como ele recebe influências sociais que transparecem nas mínimas ações realizadas; uma abordagem que tentou evidenciar que, a Cultura que carregamos, não nasceu e transcorreu por si só, mas depende do Espaço social de que você usufrui e vive, depende das relações e valores que você acrescentará pra si, no decorrer de sua trajetória...

Enfim, para o 3º bimestre, focaremos mais a abordagem, buscando problematizar este ser que integra e realiza esse "social".
Sendo assim, iniciamos nossas reflexões a partir do texto:


Cultura e humanização

As diferenças entre o homem e o animal não são apenas de grau, pois, enquanto o animal permanece mergulhado na natureza, o homem é capaz de transformá-la, tomando possível a cultura. O mundo resultante da ação humana é um mundo que não podemos chamar de natural, pois se encontra transformado pelo homem.

A palavra cultura também tem vários significados, tais como o de cultura da terra ou cultura de um homem letrado. Em antropologia, cultura significa tudo que o homem produz ao construir sua existência: as práticas, as teorias, as instituições, os valores materiais e espirituais. Se o contato que homem tem com o mundo é intermediado pelo símbolo, a cultura é o conjunto de símbolos elabora- dos por um povo em determinado tempo e lugar. Dada a infinita possibilidade de simbolizar, as culturas dos povos são múltiplas e variadas.

A cultura é, portanto, um processo de autoliberação progressiva do homem, o que o caracteriza como um ser de mutação, um ser de projeto, que se faz à medida que transcende, que ultrapassa a própria experiência.

Quando o filósofo contemporâneo Gusdorf diz que "o homem não é o que é, mas é o que não é", não está fazendo um jogo de palavras. Ele quer dizer que o homem não se define por um modelo que o antecede, por uma essência que o caracteriza, nem é apenas o que as circunstâncias fizeram dele. Ele se define pelo lançar-se no futuro, antecipando, por meio de um projeto, a sua ação consciente sobre o mundo.

Não há caminho feito, mas a fazer, não há modelo de conduta, mas um processo contínuo de estabelecimento de valores. Nada mais se apresenta como absolutamente certo e inquestionável.
É evidente que essa condição de certa forma fragiliza o homem, pois ele perde a segurança característica da vida animal, em harmonia com a natureza.

Ao mesmo tempo, o que parece ser sua fragilidade é justamente a característica humana mais perfeita e mais nobre: a capacidade do homem de produzir sua própria história.



(Texto extraído do livro "Filosofando, introdução à filosofia", de Maria L. A. Aranha e Maria H. P. Martins)

(T




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